CRIA: O Programa que Aproxima Voluntários da Conservação da Fauna no Paraná. Uma nova forma de cuidar da biodiversidade.

O Brasil é conhecido pela sua riqueza em biodiversidade, mas também enfrenta graves desafios quando o assunto é a preservação da fauna silvestre. Atropelamentos, desmatamentos, queimadas e a urbanização desordenada fazem milhares de animais perderem a vida todos os anos. No Paraná, porém, uma iniciativa vem mudando essa realidade: o Programa CRIA — Cuidados e Reabilitação Intensiva de Animais Silvestres, coordenado pelo Instituto Água e Terra (IAT-PR).

Mais do que uma política pública, o CRIA é um convite para que cidadãos se tornem agentes diretos da conservação. Ele oferece capacitação e a possibilidade de acolher animais em casa, temporariamente, até que estejam aptos a retornar ao habitat natural.

Correio do Litoral
IAT reabilita filhotes de gambá. Saiba importância de proteger espécie.

Como funciona o programa?

O processo começa com a capacitação online. Qualquer pessoa interessada em participar deve realizar um curso oferecido pelo IAT, onde aprende técnicas básicas de manejo, segurança e cuidados específicos com filhotes de animais silvestres.

Após a formação, o voluntário credenciado pode receber em casa animais encaminhados por órgãos de fiscalização ou resgatados em situações de risco. Normalmente são filhotes órfãos, como gambás-de-orelha-branca, aves ou pequenos mamíferos, que necessitam de cuidados até estarem fortes o suficiente para a soltura.

Vale ressaltar: o programa não é uma forma de adoção. O voluntário é um cuidador temporário, garantindo que os animais tenham as condições ideais para voltarem à natureza.

Resultados já visíveis

Nos últimos anos, o CRIA tem registrado histórias de sucesso. Em março de 2025, por exemplo, o IAT anunciou a devolução à natureza de dezenas de gambás reabilitados por meio do programa. Esses animais, que dificilmente sobreviveriam sem o cuidado humano temporário, ganharam uma nova chance de vida.

Além do impacto direto na conservação da fauna, o programa também gera efeitos positivos na sociedade. Os voluntários relatam que a experiência transforma sua visão sobre a natureza, fortalecendo o senso de responsabilidade ambiental e criando multiplicadores de boas práticas nas comunidades.

Benefícios e desafios

Os ganhos do CRIA são evidentes:

Conservação direta: mais animais conseguem retornar ao ambiente natural.
Educação ambiental: voluntários e suas famílias desenvolvem maior consciência sobre a importância da fauna.
Fortalecimento institucional: o programa amplia a capacidade de ação do Estado sem exigir grandes investimentos em infraestrutura.

Mas há também desafios a serem enfrentados. Os voluntários precisam lidar com a responsabilidade emocional de cuidar de animais fragilizados, além dos custos com insumos e a adaptação de seus lares para garantir segurança. O suporte contínuo do poder público é essencial para que o programa cresça e se mantenha sustentável.

Um modelo para o Brasil

O CRIA é um exemplo de como o voluntariado pode ser aliado estratégico na conservação da biodiversidade. Ao transformar cidadãos comuns em parceiros do Estado, o programa amplia a rede de cuidado, gera engajamento social e fortalece políticas ambientais.

Diante de seus resultados, o modelo já inspira discussões sobre replicação em outros estados brasileiros. Afinal, quando governo e sociedade se unem em prol da vida silvestre, todos ganham: a fauna, os ecossistemas e a própria população, que passa a viver em um ambiente mais equilibrado e saudável.