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Acondroplasia: Compreendendo a Causa Mais Comum de Nanismo

Você provavelmente já ouviu falar em nanismo, mas talvez não conheça a fundo a condição genética por trás da maioria dos casos: a acondroplasia. Longe de ser apenas uma questão de altura, trata-se de uma complexa condição do desenvolvimento ósseo que começa antes mesmo do nascimento. Vamos desvendar o que é a acondroplasia, suas causas e como as pessoas com essa condição vivem vidas plenas e produtivas.


O Que é Acondroplasia?

Acondroplasia, também conhecida historicamente como doença de Parrot-Marie, é uma displasia esquelética, o que significa que é uma condição que afeta o crescimento dos ossos. É a forma mais comum de nanismo desproporcional, onde o tronco tem um tamanho relativamente normal, mas os braços e as pernas são visivelmente mais curtos.

O nome "acondroplasia" significa literalmente "sem formação de cartilagem". No entanto, o termo é um pouco enganoso. Pessoas com acondroplasia têm cartilagem; o problema reside no processo de transformação dessa cartilagem em osso, especialmente nos ossos longos do corpo.

A Origem Genética: Um "Freio" no Crescimento Ósseo

No centro da acondroplasia está uma mutação em um gene específico chamado FGFR3 (Receptor do Fator de Crescimento de Fibroblastos 3). Pense neste gene como um "freio" para o crescimento ósseo. Em pessoas sem a mutação, o FGFR3 regula o crescimento de forma equilibrada. Na acondroplasia, a mutação torna esse gene hiperativo, como se o freio estivesse constantemente pressionado, o que desacelera significativamente o crescimento ósseo.

É importante notar que em cerca de 80% dos casos, a acondroplasia ocorre devido a uma mutação nova e espontânea. Isso significa que a criança nasce com a condição mesmo que seus pais tenham estatura mediana e não possuam o gene mutado. Nos outros 20% dos casos, a condição é herdada de um dos pais que também tem acondroplasia. Sendo uma condição autossômica dominante, basta uma cópia do gene mutado para que a pessoa manifeste as características.

Características Visíveis da Acondroplasia

As manifestações clínicas da acondroplasia são distintas e geralmente identificáveis no nascimento. As principais incluem:

  • Curvatura acentuada da lombar (lordose): A parte inferior da coluna vertebral curva-se para dentro de forma mais acentuada, o que se torna mais evidente quando a criança começa a andar.
  • Dedos curtos (braquidactilia): As mãos são tipicamente pequenas e largas, com os dedos curtos. Frequentemente, há um espaço extra entre os dedos médio e anelar, formando o que é conhecido como "mão em tridente".
  • Pernas arqueadas (geno varo): É comum que as pernas se curvem para fora, uma característica que pode se acentuar durante a infância.

Vivendo com Acondroplasia

É fundamental destacar que a acondroplasia não afeta a capacidade intelectual. Pessoas com esta condição têm inteligência e cognição normais e levam vidas normais e bem-sucedidas em todas as áreas da sociedade.

O acompanhamento médico é importante para monitorar e tratar possíveis complicações de saúde, como apneia do sono, infecções de ouvido recorrentes ou estenose espinhal (estreitamento do canal da medula espinhal). Com cuidados médicos adequados e um ambiente de apoio, a expectativa de vida é praticamente a mesma da população em geral.

A conscientização e a compreensão são as chaves para desmistificar a acondroplasia. Reconhecê-la como uma variação genética, e não como uma limitação, permite que a sociedade se torne mais inclusiva e acolhedora para todos.

Referências

Horton, W. A., Hall, J. G., & Hecht, J. T. (2007). Achondroplasia. The Lancet, 370(9582), 162–172. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61090-3

National Organization for Rare Disorders. (2023). Achondroplasia. NORD. Retirado de https://rarediseases.org/rare-diseases/achondroplasia/

Pauli, R. M. (2019). Achondroplasia: a comprehensive clinical review. Orphanet Journal of Rare Diseases, 14(1), 1. https://doi.org/10.1186/s13023-018-0972-6

Wright, M. J., & Irving, M. D. (2012). Clinical management of achondroplasia. Archives of Disease in Childhood, 97(2), 129–134. https://doi.org/10.1136/archdischild-2010-300331

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