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Hydratus: bactéria da Caatinga vira bioinsumo que protege lavouras da seca e será destaque na COP30.

Hydratus: inovação da Embrapa extraída da Caatinga para combater os efeitos da seca na agricultura brasileira. 

Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em colaboração com a empresa Bioma, desenvolveram um novo bioinsumo chamado Hydratus, a partir de uma cepa de Bacillus subtilis isolada em solos do bioma Caatinga. A tecnologia promete fortalecer o sistema radicular das plantas, melhorar a absorção de nutrientes e aumentar a produtividade, mesmo sob estresse hídrico. Será apresentada como exemplo de inovação sustentável na conferência COP30.

Contexto e origem
A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro caracterizado por clima semiárido, solos pobres em água por longos períodos e temperaturas elevadas, foi o ambiente de onde se isolou a cepa de Bacillus subtilis utilizada para formular o Hydratus. A escolha de microrganismos nativos desse tipo de solo permite selecionar organismos já adaptados ao estresse de seca, o que aumenta a probabilidade de sucesso quando utilizados como bioinsumo. 

O desenvolvimento da tecnologia envolveu testes de laboratório para caracterização da capacidade da bactéria em produzir substâncias como fitohormônios (hormônios vegetais), exopolissacarídeos (EPS) que ajudam na retenção de água, e avaliação de como ela influencia a morfologia radical, ou seja, o tamanho, profundidade e ramificação das raízes. 

Modo de ação
O Hydratus atua por vários mecanismos complementares:

1. Estimulação do crescimento radicular – plantas inoculadas com a bactéria desenvolvem raízes mais profundas e ramificadas, o que permite acesso a água em camadas mais profundas do solo. 


2. Produção de exopolissacarídeos – essas substâncias formam uma espécie de biofilme ou camada protetora que ajuda a reduzir a perda de água pelas raízes ou pela interface solo-planta. 


3. Melhora na absorção de nutrientes – com raiz mais vigorosa e condições microbianas favoráveis, há melhor aproveitamento de nutrientes disponíveis no solo. 


4. Resistência fisiológica ao estresse hídrico – a bactéria favorece que a planta tolere melhor períodos de seca, mantendo funções vitais, crescimento e produtividade, mesmo em condições adversas. 

Resultados práticos
Testes em campo com lavouras comerciais de milho e soja mostraram ganhos expressivos na produtividade:

1.Aumento médio de ≈ 7,7 sacas por hectare de milho comparado aos controles ou a produtos concorrentes. 

2.Aumento médio de ≈ 4,8 sacas por hectare de soja. 

3.Além disso, o Hydratus mostrou-se eficaz mesmo em áreas irrigadas, otimizando o uso de água e otimizando produtividade. 

Impactos e potenciais
A introdução de Hydratus no mercado e sua divulgação em eventos internacionais, como a COP30, têm implicações importantes:

Sustentabilidade ambiental: uso de microrganismos adaptados, redução do uso excessivo de insumos químicos, possibilidade de menor dependência de água para manter produtividade.

Segurança alimentar: maior produtividade em lavouras de soja e milho com menores riscos de perdas por seca pode significar melhor abastecimento interno e maior competitividade externa.

Benefício socioeconômico: produtores de regiões semiáridas do Nordeste e outras áreas vulneráveis poderão adotar uma tecnologia que reduz perdas por seca, aumentando rendimento e reduzindo os riscos climáticos.

Política e imagem internacional: destacar a inovação como exemplo de bioinovação alinhada com as metas de adaptação às mudanças climáticas e mitigação de impactos da seca fortalece o perfil do Brasil em fóruns como a COP.

Limitações e desafios
Apesar do potencial, algumas questões ainda precisam ser acompanhadas:

1.Variabilidade ambiental: diferentes solos, climas, práticas agrícolas podem moderar os efeitos observados nos testes.

2.Custo de adoção: para pequenos produtores, o custo do bioinsumo e sua aplicação precisam ser viáveis.

3.Regulação e escala: garantir registro, regulamentação, produção em escala comercial, distribuição em regiões remotas.

4.Monitoramento de longo prazo: efeitos acumulados, interação com microbiota local, possíveis impactos não desejados devem ser estudados mais a fundo.

Expectativas para a COP30
A apresentação de Hydratus na COP30 será uma vitrine para mostrar como a ciência brasileira está gerando soluções práticas para os grandes desafios climáticos, especialmente a seca. É esperado que o produto seja apresentado como exemplo de bioinsumo que alia produtividade e resiliência, servindo de modelo para políticas públicas de incentivo ao uso de microrganismos benéficos, inovação no campo e adaptação às mudanças climáticas.


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Referências
Embrapa. (2025, julho). Bactéria da Caatinga vira insumo natural para proteger plantações da seca. Embrapa. Obtido de https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/102094505/bacteria-da-caatinga-vira-insumo-natural-para-proteger-plantacoes-da-seca 

Bioma. (2025). Bioma launches Hydratus, a mitigator of water stress, at ANDAV 2025. AgroPages. 

Datagro. (2025). Bacteria from the Caatinga become a natural input to protect crops from drought. Datagro. 

Biologicals Latam. (2025, agosto). Bacterias de la Caatinga brasileña dan origen a un bioinsumo que protege la soja y el maíz de la sequía. Biologicals Latam. 



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