Imagine a cena: uma festa popular, um festival de música ou um bar com uma cachaça artesanal de aparência inofensiva. Você pega uma bebida e, sem saber, está prestes a consumir uma substância altamente tóxica que pode levar à cegueira ou até à morte. Esse perigo, conhecido como contaminação por metanol, é real e difícil de detectar. Pelo menos, até agora.
Pesquisadores do Laboratório de Análise de Traços e Química de Materiais da UEPB desenvolveram uma solução tão simples quanto revolucionária: um canudo descartável que muda de cor instantaneamente ao entrar em contato com bebidas adulteradas com metanol.
O Perigo Invisível no Copo: O Que é o Metanol?
Diferente do etanol (o álcool comum presente em bebidas), o metanol é um tipo de álcool extremamente tóxico, frequentemente usado como solvente industrial e combustível. Ele não tem cheiro, cor ou sabor que o diferencie do álcool seguro para consumo, tornando-o um adulterante barato e perigoso em bebidas falsificadas ou um subproduto de destilações artesanais malfeitas.Quando ingerido, o corpo metaboliza o metanol em substâncias como o formaldeído e o ácido fórmico, que atacam o sistema nervoso central, principalmente o nervo óptico. Os efeitos são devastadores:
- Dor de cabeça e tontura
- Visão turva e embaçada
- Cegueira permanente
- Danos renais e hepáticos
- Em doses mais altas, coma e morte
A Solução Paraibana: Ciência Simples e Genial
Foi pensando em criar uma barreira de proteção acessível a todos que a equipe da UEPB desenvolveu o canudo detector. A tecnologia é engenhosa: na ponta do canudo que entra em contato com a bebida, há um pequeno sensor de celulose impregnado com um reagente químico específico.O funcionamento é direto e visual:
- Você mergulha o canudo na sua bebida.
- Se houver metanol presente, mesmo em pequenas quantidades, o reagente no sensor inicia uma reação química.
- Em segundos, o sensor muda de cor, geralmente para um tom de vermelho ou rosa intenso, alertando que a bebida está imprópria para o consumo.
Impacto Potencial: Da Festa de Rua à Saúde Pública
A beleza da invenção paraibana está em sua simplicidade e baixo custo de produção, o que permite sua aplicação em larga escala. O impacto potencial é imenso:- Segurança Individual: Qualquer pessoa poderá carregar o canudo na bolsa ou no bolso para testar sua bebida em festas, bares e eventos, ganhando autonomia e segurança.
- Ferramenta de Fiscalização: Órgãos como a Vigilância Sanitária poderão usar os canudos para realizar testes rápidos e de triagem em estabelecimentos comerciais e produtores de bebidas artesanais, agilizando a identificação de produtos perigosos.
- Saúde Pública: Em países com alto índice de intoxicação por metanol, a invenção pode se tornar uma política pública de redução de danos, salvando milhares de vidas.
Referências:
* Universidade Estadual da Paraíba. (2024, 28 de agosto). Pesquisadores da UEPB criam canudo que identifica metanol em bebidas. UEPB. http://www.uepb.edu.br/pesquisadores-da-uepb-criam-canudo-que-identifica-metanol-em-bebidas/* G1 Paraíba. (2024, 29 de agosto). Pesquisadores da UEPB criam canudo que muda de cor ao entrar em contato com metanol. G1. https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2024/08/29/pesquisadores-da-uepb-criam-canudo-que-muda-de-cor-ao-entrar-em-contato-com-metanol.ghtml
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