
Um estudo recente, intitulado “Don’t throw away your printed books: A meta-analysis on the effects of reading media on reading comprehension”, conduzido por Pablo Delgado, Cristina Vargas, Rakefet Ackerman e Ladislao Salmerón, buscou responder exatamente a essa pergunta. A pesquisa foi realizada na Universidade de Valência (Espanha) e no Technion – Israel Institute of Technology, reunindo dados de dezenas de investigações para chegar a uma conclusão sólida.
O objetivo do estudo:
O artigo é uma meta-análise, ou seja, uma revisão estatística de diversos estudos anteriores que analisaram como o suporte de leitura (papel ou digital) impacta a compreensão de textos.
O propósito foi identificar se existem diferenças consistentes quando estudantes e leitores em geral leem em livros impressos ou em meios digitais (computadores, tablets, e-readers e smartphones).
Principais resultados: o papel ainda leva vantagem
Os resultados revelaram um padrão claro:
O propósito foi identificar se existem diferenças consistentes quando estudantes e leitores em geral leem em livros impressos ou em meios digitais (computadores, tablets, e-readers e smartphones).
Principais resultados: o papel ainda leva vantagem
Os resultados revelaram um padrão claro:
1. A compreensão de leitura é significativamente melhor em materiais impressos do que em digitais.
2. Essa vantagem é ainda mais notável em textos longos e complexos, que exigem maior esforço cognitivo, memória de longo prazo e capacidade de estabelecer conexões entre ideias.
3. Nos textos curtos ou em tarefas de leitura rápida, as diferenças entre papel e digital tendem a ser menores, mas ainda assim favorecem o impresso.
Por que o digital dificulta a compreensão?
O estudo aponta algumas hipóteses para explicar essa diferença:
1. Distrações das telas → a leitura em dispositivos eletrônicos frequentemente compete com notificações, multitarefa e navegação paralela.
2. Fadiga visual → telas retroiluminadas podem causar maior cansaço ocular, reduzindo a atenção e o foco.
3. Leitura superficial → muitos leitores tendem a adotar um estilo mais rápido e menos profundo em ambientes digitais, priorizando a velocidade em vez da retenção.
4. Navegação física do texto → folhear páginas de um livro fornece pistas espaciais e sensoriais que ajudam a memória, algo menos evidente nas telas.
Implicações para a educação e a sociedade
Esses achados têm grande relevância para o ensino e para a formulação de políticas educacionais. Em um cenário em que escolas e universidades estão cada vez mais digitalizadas, a pesquisa sugere que:
1. O uso de livros impressos continua sendo fundamental para o desenvolvimento da compreensão leitora, principalmente em contextos de aprendizado profundo.
2. A combinação de ambos os meios pode ser benéfica, mas depender exclusivamente do digital pode prejudicar a assimilação de conteúdos complexos.
3. Estratégias pedagógicas devem considerar como e quando usar recursos digitais, evitando substituir totalmente o material impresso.
O que dizem os pesquisadores
Segundo os autores, o entusiasmo em adotar tecnologias digitais na educação deve ser acompanhado de cautela. Não se trata de rejeitar o digital, mas de compreender que o meio influencia a forma como processamos a informação.
“Não devemos jogar fora nossos livros impressos. Eles ainda são insubstituíveis quando o objetivo é a compreensão profunda do texto”, destacam os pesquisadores.
Conclusão
O estudo reforça que, apesar dos avanços tecnológicos, os livros físicos continuam a desempenhar um papel essencial na aprendizagem e na formação de leitores críticos. Em tempos em que a leitura digital se expande, essa é uma lembrança valiosa: para realmente entender e memorizar o que lemos, o papel ainda é o aliado mais confiável.
📌 Referência:
Delgado, P.; Vargas, C.; Ackerman, R.; Salmerón, L. Don’t throw away your printed books: A meta-analysis on the effects of reading media on reading comprehension. University of Valencia & Technion – Israel Institute of Technology.
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