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Cientistas Criam Primeiro Rim Universal e Acendem Esperança para Filas de Transplante

Uma inovação revolucionária, que "apaga" o tipo sanguíneo de um órgão doado, pode eliminar uma das maiores barreiras para o transplante renal e salvar milhares de vidas.


Para os mais de 40 mil brasileiros que aguardam por um rim, a compatibilidade sanguínea é uma das primeiras e mais cruciais barreiras. Um paciente do tipo A não pode, em condições normais, receber um órgão do tipo B. Essa limitação restringe drasticamente o número de doadores compatíveis, prolongando uma espera que, para muitos, é uma corrida contra o tempo. Agora, uma nova fronteira na medicina foi cruzada: cientistas conseguiram, pela primeira vez, modificar o tipo sanguíneo de um rim humano, convertendo-o para o tipo O, o doador universal, e transplantá-lo com sucesso.

A pesquisa, publicada em periódicos científicos de alto impacto como a Nature Biomedical Engineering, representa um salto monumental na medicina de transplantes. Liderado por uma equipe internacional de pesquisadores do Canadá e da China, o feito promete não apenas acelerar a fila por um novo órgão, mas também tornar o sistema de doação mais justo e eficiente.

A Ciência por Trás do "Rim Universal"

O que define nosso tipo sanguíneo (A, B, AB ou O) são pequenas moléculas de açúcar, chamadas antígenos, presentes na superfície de nossas células vermelhas. Se uma pessoa do tipo sanguíneo A recebe um órgão do tipo B, seu sistema imunológico imediatamente reconhece os antígenos "B" como invasores e lança um ataque feroz, levando à rejeição imediata do órgão. O sangue tipo O é considerado universal justamente por não possuir os antígenos A ou B, não disparando essa resposta imune.

A grande inovação dos cientistas foi utilizar um coquetel de enzimas especiais para, literalmente, "lavar" os antígenos dos vasos sanguíneos do rim doado. Em um processo que dura algumas horas, essas enzimas removem as moléculas de açúcar que definem o tipo sanguíneo, transformando um rim que era do tipo A em um órgão imunologicamente neutro, ou seja, tipo O.

"A ideia é criar um padrão universal", explica o Dr. Stephen Withers, químico da Universidade da Colúmbia Britânica e um dos autores do estudo. "Se você pode converter qualquer órgão para o tipo universal, você amplia dramaticamente o pool de doadores e aumenta as chances de cada paciente encontrar um órgão a tempo."

O Teste Crucial: Um Sucesso Promissor

Para provar que a teoria funcionava na prática, a equipe realizou um passo ousado. O rim do tipo A, agora convertido para tipo O, foi transplantado em um receptor humano com morte cerebral. Este tipo de experimento é fundamental para avaliar a viabilidade de novas técnicas antes de iniciar testes clínicos em pacientes vivos.

O resultado foi animador. O rim "universal" começou a funcionar normalmente, produzindo urina e sendo bem aceito pelo corpo do receptor. Ele se manteve estável por dois dias antes de começar a apresentar os primeiros sinais de rejeição. Embora possa parecer um tempo curto, os pesquisadores consideram um enorme sucesso. Em um transplante com incompatibilidade sanguínea direta, a rejeição seria quase instantânea e violenta. Os dois dias de funcionamento provam que a barreira inicial dos antígenos foi superada.

Qual o Próximo Passo e o Impacto Futuro?

Este é apenas o começo. O próximo desafio da equipe é aperfeiçoar a técnica para garantir que o órgão permaneça "neutro" por mais tempo, evitando que novos antígenos se regenerem e causem uma rejeição tardia. A expectativa é que os primeiros ensaios clínicos com pacientes vivos possam começar nos próximos anos.

Se a tecnologia se provar segura e eficaz, o impacto será transformador. Pacientes com tipos sanguíneos mais raros ou do tipo O, que hoje enfrentam as maiores esperas, seriam os mais beneficiados. A logística de distribuição de órgãos seria simplificada, pois a compatibilidade sanguínea deixaria de ser o fator limitante principal, permitindo que os médicos se concentrem em outros fatores de compatibilidade tecidual que garantem a longevidade do transplante.

Ainda há um caminho a ser percorrido, mas a esperança que essa descoberta acende é imensa. Em um futuro não muito distante, a notícia de um órgão disponível poderá ser motivo de celebração para um número muito maior de pacientes, independentemente de seu tipo sanguíneo. A ciência deu um passo decisivo para transformar a angustiante espera por um transplante em uma certeza de uma nova vida.

Referências

* Clarin.com. (2025, 18 de outubro). Dramático hallazgo en Tierra del Fogo: aparecieron 26 orcas muertas en una playa del norte de la provincia. Recuperado de https://www.clarin.com/sociedad/dramatico-hallazgo-tierra-fuego-aparecieron-26-orcas-muertas-playa-norte-provincia_0_lwQpgGfRuF.html

* Metrópoles. (2025, 4 de outubro). Rim do tipo sanguíneo A é convertido em O em busca de doação universal. Recuperado de Leal Junior.

* Redação. (2025, 15 de outubro). Pela primeira vez, médicos transplantam rim com tipo sanguíneo modificado. Superinteressante. Recuperado de https://super.abril.com.br/ciencia/pela-primeira-vez-medicos-transplantam-rim-com-tipo-sanguineo-modificado/

* Redação. (2025, 17 de outubro). Transplante com rim de tipo sanguíneo modificado inaugura nova era na medicina. Revista Oeste. Recuperado de https://revistaoeste.com/oestegeral/2025/10/17/transplante-com-rim-de-tipo-sanguineo-modificado-inaugura-nova-era-na-medicina/

* Revista Galileu. (2025, 3 de outubro). Cientistas convertem tipo sanguíneo de rim e fazem transplante pela 1ª vez. Recuperado de TNH1.

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