Agora

6/recent/ticker-posts

Leia mais...

🪐 Destaques

Do Campo à Mesa: Por Que Ter Uma Indústria de Fertilizantes no Brasil é Essencial para o Seu Bolso e para o Futuro do País

Em um mundo cada vez mais instável, depender de outros países para alimentar nossa própria população é um risco que o Brasil não pode mais correr. Entenda como a fabricação nacional de fertilizantes é um passo estratégico para garantir desde o prato de comida do dia a dia até a soberania da nossa nação.


Você já parou para pensar na longa jornada que o alimento faz até chegar à sua mesa? Antes de estar na gôndola do supermercado, ele foi plantado, cultivado e colhido em algum campo deste imenso Brasil. E para que essa colheita seja farta e de qualidade, um ingrediente é absolutamente essencial: o fertilizante. Ele funciona como um superalimento para as plantas, repondo os nutrientes que o solo perde a cada safra.

O Brasil é um gigante do agronegócio, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Contudo, por trás dessa potência, existe uma vulnerabilidade crítica, um verdadeiro "calcanhar de Aquiles": nós não produzimos os fertilizantes que consumimos. Cerca de 85% de todo o adubo utilizado em nossas lavouras vem de fora, comprado de um pequeno grupo de países como Rússia, Canadá e Marrocos.

Em um cenário ideal, isso poderia ser apenas um dado comercial. Mas a pandemia de Covid-19 e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia, nos mostraram de forma dura que o cenário global está longe do ideal. Crises internacionais, disputas diplomáticas ou problemas logísticos a milhares de quilômetros de distância podem, da noite para o dia, encarecer ou até mesmo interromper o fornecimento desse insumo vital. O resultado? O custo de produção dos alimentos dispara, e essa conta, invariavelmente, chega ao consumidor final, ou seja, a você.

A Dependência que Custa Caro: Riscos e Consequências

Manter essa dependência externa é como construir um arranha-céu sobre uma base frágil. Os riscos são enormes e afetam a vida de todos os brasileiros:

* Insegurança Alimentar e Econômica: A simples ameaça de desabastecimento de fertilizantes coloca em risco nossas safras. Isso não apenas ameaça a disponibilidade de alimentos internamente, mas também abala o agronegócio, setor que é um dos principais motores da economia brasileira, responsável por uma parcela significativa do nosso Produto Interno Bruto (PIB) e pela geração de milhões de empregos.

* Volatilidade de Preços: O agricultor brasileiro fica refém das oscilações do dólar e dos preços internacionais, que mudam ao sabor de eventos sobre os quais não temos nenhum controle. Essa instabilidade dificulta o planejamento das safras e eleva os custos, o que se reflete diretamente no preço do arroz, do feijão, da carne, das frutas e dos legumes.

* Fuga de Riqueza: Anualmente, o Brasil gasta bilhões de dólares na importação de fertilizantes. É um dinheiro que poderia estar sendo investido aqui dentro, na construção de fábricas, na criação de empregos qualificados, no desenvolvimento de novas tecnologias e no fortalecimento das economias regionais.

A Solução Está em Casa: Os Benefícios de uma Indústria Nacional

Investir em uma indústria nacional de fertilizantes não é apenas uma questão de defesa, mas uma estratégia inteligente de crescimento. Os benefícios são claros e diretos:

* Autonomia e Soberania: Produzir nossos próprios fertilizantes nos dá controle sobre um insumo estratégico, garantindo a segurança alimentar da nossa população e a estabilidade do nosso agronegócio, independentemente de crises externas.

* Preços Mais Estáveis: Com produção local, os custos seriam em reais e menos suscetíveis às variações do câmbio e do mercado internacional, trazendo mais previsibilidade para o produtor rural e, consequentemente, para o consumidor.

* Geração de Emprego e Renda: A implantação e operação de complexos industriais de fertilizantes geraria milhares de empregos diretos e indiretos, desde a extração de matérias-primas até a produção e logística, impulsionando o desenvolvimento em diversas regiões do país.

* Sustentabilidade: A produção local reduz drasticamente a pegada de carbono associada ao transporte de milhões de toneladas de fertilizantes por navios através dos oceanos. Além disso, abre a porta para o desenvolvimento de "fertilizantes verdes", produzidos a partir de fontes de energia limpa e renovável, em linha com a vocação ambiental do Brasil.

Reconhecendo essa necessidade urgente, o governo federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). A iniciativa busca criar um ambiente de negócios mais favorável para atrair investimentos, modernizar as fábricas existentes e construir novas unidades, com o objetivo de reduzir a dependência de importação para cerca de 45% até 2050.

O caminho é desafiador e exige altos investimentos, tecnologia e um planejamento de longo prazo. No entanto, é um passo inadiável. Fortalecer a indústria nacional de fertilizantes é investir na soberania do Brasil, na estabilidade da nossa economia e, acima de tudo, na garantia de que o alimento continuará chegando à mesa de todos os brasileiros com qualidade e a um preço justo. É uma decisão estratégica que planta, hoje, a segurança e a prosperidade do amanhã.

Referências

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). (2022). Plano Nacional de Fertilizantes. Brasília, DF: Embrapa. Recuperado de https://www.embrapa.br/tema-plano-nacional-de-fertilizantes

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). (2022). Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050. Brasília, DF: MAPA. Recuperado de https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/fertilizantes/plano-nacional-de-fertilizantes

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). (2023). Insumos: Cenário e Perspectivas. Brasília, DF: CNA.

Postar um comentário

0 Comentários