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IA na Academia: UFC Sai na Frente e Define as Regras do Jogo para Pesquisas com Inteligência Artificial

Em uma decisão pioneira e atenta às novas tecnologias, a Universidade Federal do Ceará (UFC) estabeleceu diretrizes claras para o uso de Inteligência Artificial em trabalhos de pós-graduação, buscando garantir a integridade e a originalidade das pesquisas. A medida visa equilibrar o potencial das novas ferramentas com a ética e o rigor científico, um debate cada vez mais presente no meio acadêmico.


A popularização de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT, trouxe consigo um universo de possibilidades, mas também de incertezas, especialmente para o mundo acadêmico. Como garantir que as teses e dissertações continuem sendo fruto do esforço intelectual humano? De que forma essas tecnologias podem ser aliadas sem se tornarem um atalho para o plágio? Atenta a essa nova realidade, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da Universidade Federal do Ceará (UFC) publicou uma portaria que regulamenta o uso da IA e torna obrigatória a verificação de similaridade nos trabalhos de mestrado e doutorado.

A nova regra, que já está em vigor, representa um marco importante na adaptação das instituições de ensino superior a um mundo em constante transformação tecnológica. A UFC busca, com isso, fortalecer a cultura de integridade acadêmica, assegurando que a IA seja utilizada como uma ferramenta de apoio, e não como a autora principal dos trabalhos científicos.

O Que Pode e o Que Não Pode: As Novas Diretrizes

A portaria estabelece uma linha clara entre o uso aceitável e o inaceitável da Inteligência Artificial. Para o público leigo, é como se a universidade permitisse o uso de uma calculadora super avançada para verificar cálculos complexos, mas não para resolver o problema por completo.

Uso Permitido (e Declarado):

A utilização de ferramentas de IA é permitida como um suporte auxiliar em tarefas como:
  • Busca e organização de referências bibliográficas.
  • Análise de grandes volumes de dados.
  • Sugestões para a estrutura do trabalho.
Contudo, um ponto fundamental da nova regra é a transparência. Todo e qualquer uso de IA no desenvolvimento da pesquisa deverá ser obrigatoriamente declarado pelo aluno em um documento anexo ao trabalho final.

Uso Proibido:

A portaria é enfática ao proibir o uso de Inteligência Artificial para:

  • Gerar conteúdo original: A criação de ideias, argumentos e a essência do trabalho devem ser do autor.
  • Redigir partes essenciais da pesquisa: Capítulos como a introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões não podem ser escritos por uma IA.
  • Manipular ou "embelezar" dados, resultados, imagens e gráficos.
  • Criar ou inserir referências bibliográficas falsas ou não verificadas, uma prática conhecida como "alucinação" das IAs.

Ferramentas Antiplágio e a Responsabilidade do Orientador

Junto à regulamentação da IA, a portaria torna obrigatória a submissão de todas as dissertações e teses a ferramentas de verificação de similaridade, como o Turnitin. Esses programas rastreiam o texto em um vasto banco de dados de publicações acadêmicas e páginas da internet, gerando um relatório que aponta trechos com grande semelhança a outros trabalhos.

É importante ressaltar que o relatório, por si só, não atesta o plágio, mas serve como um indicativo para uma análise mais aprofundada. A responsabilidade final de avaliar o trabalho e garantir sua originalidade recai sobre o orientador, que deverá assinar o relatório de similaridade antes do agendamento da defesa do aluno.

Um Passo Rumo ao Futuro da Pesquisa

A iniciativa da UFC é um passo fundamental para guiar estudantes e professores em um território ainda pouco explorado. Ao invés de proibir o uso de uma tecnologia que já faz parte do cotidiano, a universidade optou por educar e regulamentar, estabelecendo princípios de transparência, autoria humana e responsabilidade.

Para a Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, a medida visa fortalecer a credibilidade e o impacto da pesquisa produzida na universidade. A discussão está lançada e serve de exemplo para outras instituições de ensino no Brasil, que agora têm um modelo a ser seguido para garantir que a inovação tecnológica e a integridade acadêmica caminhem lado a lado na produção do conhecimento científico.

Referências

Universidade Federal do Ceará. (2025, Outubro). Nova portaria regulamenta o uso de inteligência artificial e ferramentas de verificação de similaridade em pesquisas da pós-graduação na UFC. Portal da UFC. Recuperado de https://www.ufc.br/noticias/19778-nova-portaria-regulamenta-o-uso-de-inteligencia-artificial-e-ferramentas-de-verificacao-de-similaridade-em-pesquisas-da-pos-graduacao-na-ufc

Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. (2025, 30 de setembro). PORTARIA Nº 36/PRPPG/UFC, DE 30 DE SETEMBRO DE 2025. Dispõe sobre a obrigatoriedade de submissão de trabalhos acadêmicos à ferramenta de verificação de similaridade e regulamenta o uso de Inteligência Artificial (IA) nos trabalhos acadêmicos e de conclusão de curso da Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará.

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